quinta-feira, 27 de março de 2014

TUDO!




Podia escrever tudo!
Tanto de tudo.
Mas, já não chega o tempo!
Já não me chega o tempo!
Palavras. Jogo eterno.
Carrego fardos.
Inusitado e cego.
Podia escrever-te aqui,
tudo!
São tantas as palavras,
que me faltam.
Podia esquecer-te,
entregar-me ao nada,
fugir.
Um pouco de tudo.
Já não fujo.
Apenas fico,
vejo,
tanto,
um pouco.
Tudo.


27MARÇO2014

quarta-feira, 26 de março de 2014

IMPÉRIO



Todo o ser tem um Título.
Disse-me o horizonte enquanto espero.
Nada existe em cima, que não exista abaixo.
Talvez o hermético exista, não gasto,
Nunca farto da luz do dia.
Há este Império escondido.
Construído por actos sem título.
O carimbo que sela a autenticidade,
Invisível como este Império.
Sair por momentos, é ficar.
Olhar naufrágios, é amar.
Trocar as formas, de baixo
Da vida, para cima do existir.
Todo o ser tem um Título.
Nomeado, mas reversível.

26MARÇO2014

terça-feira, 25 de março de 2014

DESEJO




Solícita ansiedade,
a que de simples,
não tem nada.

Sincero o trago,
em bebedeira fina.
Um corpo inteiro.

Soberba de lábios,
de todos os lábios.
Esta a minha sede.

Algures, aqui. Aí,
por onde estiveres.

Cheira,
Prova,
Possui-me!
De um trago.

25MARÇO2014

CAIS DAS COLUNAS



Só a vista de um cais inundado por óleo matizado, com pigmentos de cores felizes, continua a convergência da felicidade que por horas, separadas, como a distância, me envolve no prazer de um objectivo. Talvez utópico, pois sim. Eu sei! Talvez apenas uma vontade de sair correndo, pelos dedos, um caminho  por sujar, cruzado, em pinceladas de aguarela, de óleo ou pastel, mas apenas e só a minha visão. O ínfimo da vontade de toda uma vida, é tal e qual um pêndolo ritmado em tique-taques certos, compulsivo mas manipulado pela vontade de atingir todos os fins. Há uma extraordinária calma em todo o processo. Há uma vontade intensa em atingir uma harmonia natural, sem compromisso, por afeição, por tudo o que reluz no meu interior. Toda a luz existe, mesmo turva de nevoeiros que passam com o calor do tempo. As colunas deste cais, corroidas em restos, seguras em nós de cordoaria fina, apertados em todas as balsas, atracadas sem vontade, mas por necessidade de segurança, foram esse porto, seguro. Foram tantas as margens que aqui se uniram. A ondulação, a calma, o cheiro, toda a visão desarmada e persistente, iluminam a cor que ainda possa faltar, neste imaginário, onde todos os "estragos" ainda proliferam uma qualquer razão de existir. Quero luz na vida, quero a paga das frustrações, compensada por por sorrisos, comunicáveis, quanto possivel. Quero existir assim, isolado, mas feliz!


25MARÇO2014

sábado, 15 de março de 2014

O MEU MUNDO




Deixei a invasão de cores, absorver os desanimados.
A vergonha do reconhecimento, é um prisma,
exaustivo, refractor de ilusões, criador de imagens.
Imagens desfocadas e misturadas. Apenas imagens.
Só o espanto de quem nunca viu, me admira.
A perplexidade, o vazio de alguns olhos,
é a prova da mentira autoinfligida. A fuga.
O motivo, resulta em maior número de cores desfocadas.
Uma "overdose" controlada, retirada no momento certo.
O clímax. O deslumbre quase desesperante,
as memórias acumulas por uma felicidade,
felicidade que existe, mas longe da ideal e possível.

Tantas as coisas simples. Naturalidade gritante.
Tanto escapa afinal a tanta gente que se remete a pouco.
Lembro-me de tudo. Tudo o que me dá prazer.
Tudo o que afinal é só meu. Tudo o que a tantos, é afinal, nada.
Só o devaneio idiota da perplexidade me incomoda.
A reacção é estranha. Não assumida.
A vergonha, tem uma culpa disfarçada,
todo este teatro de vida me incomoda!
Incomoda-me a falta, nos outros. Dos outros.
Incomoda-me a sensação que sofro.
Sem dor no corpo, mas tristeza profunda na alma.

Passo o tempo a recuperar. Deste, daquele,
daquele outro ainda... não recupero. Momentos.
Pintar a vida, com pinceladas de positivismo,
não é perder o tempo que perdi inútilmente.
Apenas peca pela diferença a minha vida.
E a quem assuma o que me consome.
Eu, peco pela diferença. A minha.
Peco pela minha impotência dedicada.
Peco pela minha insignificância assumida.

O carimbo que recebo, esteriotipo falso,
é uma gota de água artífícial, plástica.
O selo branco, que define a minha legalidade,
o real, em vias de se tornar fora de prazo,
(in)justamente ultrapassado (por quem?).
Se sonhar fosse um ideal,
seria o maior idealista do mundo.
Ou o maior idiota. Talvez o maior idiota.

Sou construido pelos prazos que nunca findam.
Se ser surrealista é a mistura deste "cocktail",
fórmulas estranhas, pedaços que só eu entendo,
loucuras que nem eu sei... Então sou!
Surrealista ou mais que isso.

Vejo cores por todo o lado.
Incomoda-me. Não me incomoda.
É uma viagem de ácido adulterado.
Um só rumo. O ir. O desaparecer do corpo.
Não ter bilhete de retorno. Nem vontade de voltar.

Vi Lisboa pintada de rosa, tudo rosa. Até o céu.
Podia ser verde. Azul. Cinza...
Apenas eu pinto o retrocesso da realidade.
O vagar é extremo. Orgásmico. Indescritível.
As cores, são certas. Intensas. Minhas.
Cada pincelada, uma dose de loucura própria.
A realidade fica entregue à tal loucura.
A tal realidade que me custa enfrentar.
Permaneço. Sinto a serenidade, cansado.
A real utopia do meu Mundo!


15MARÇO2014

ADORMECI...






Adormeci sózinho.
Sem saudade de nada.
Sem saudade de ninguém.
Um sono vazio,
relaxante, descansado.
Uma golfada de ar imenso,
na água gelada da manhã.
Lava-me a luz e um brilho,
o sonho que não tive,
o amor que não fez falta.
Sabe bem o vazio.
É estranho.
Afinal,
sabe bem o vazio.
Depois de tudo,
depois de nada.
Adormeci sózinho...
E adormecerei.



15MARÇO2014

sexta-feira, 14 de março de 2014

SONHA, CRIANÇA !




Quando te mostrei as estrelas, pediste-me o céu.
Já nem as histórias chegam para te adormecer.
O sonho, o teu sonho, o nosso sonho,
até pode existir palpável, ao alcance da mão.
Basta estendê-la, querida criança.
Basta estender a mão e, agarras o Sol.
Mas tem cuidado.
Todo o calor e brilho que vês,
é sonho teu, querida criança.
Podes queimar a pele, ainda polida,
tão frágil como o teu direito de ser feliz.
Podes fechar os olhos enquanto me ouves.
Podes voar pelas nuvens que te dou,
chapinhar com força nas poças de chuva,
sujar-te na lama que sobra, vive este jogo.
Sonhar, é um jogo, querida criança.
Só as lágrimas me desfocam a felicidade,
só a fome me torna possesso e frágil.
Vai-se o sonho com a fúria do Mundo.
Sabe tão bem como mel, estes momentos contigo!
O doce, é estar vivo, sonharmos os dois,
misturando a minha, com a tua inocência.
Só eu te agradeço a existência. Só tu me fazes existir.
E sorrir. E ter vontade de ser criança.
Debruçados, os dois, no parapeito da janela,
é a fase mais esperada do dia, abri-la de par em par e,
deixar entrar toda a imaginação no teu quarto.
Vamos imaginar sonhos, muitos sonhos.
Vamos fechar os olhos e voar, pelo Universo,
pelo mar, pelo desconhecido e por onde quiseres.
Vamos sorrir ao toque do vento enquanto voamos,
descansar numa  nuvem qualquer, que seja doce.
Vamos até  um qualquer planeta, bonito como o nosso e,
olhar para trás, comparar as cores dos dois. E sorrir.
Muitas vezes. Olhar para onde viemos e sorrir, mais uma vez.
Sorrir para aquele ponto que sabemos ser  nosso,
aquela janela aberta. De onde partimos e gozámos o sonho a dois.
De manhã, acordas com um beijo, o mimo que te pertence.
Deste-me o céu, quando te mostrei as estrelas.
Obrigado por ficares.
Em mim, criança!

14MARÇO2014

terça-feira, 11 de março de 2014

TODAS AS DÚVIDAS




Olha.
Que se dane a diferença.
Nada tem a ver com nada.
Há uma reticência na novidade.
Apenas mais uma!
No fundo,
tudo o que me chega perto,
é uma ilusão simplória do ideal.
Tudo o que não existe.
E fico assim,
fico feliz pelo (a)final.
Fico alegre porque sim!
Hoje é passado,
amanhã talvez história.
Previsível sou eu,
com todas as dúvidas!


11MARÇO2014

ESTES CORPOS




Sei de ilhas abandonadas,
filhas de continentes apagados,
submersos em vidas desnecessárias.
Toda a Primavera renasce, um timbre
de aves em voos de ida e volta.
Sempre retornam, sem saudade,
só impulso de uma existência prevista.
Só os andaimes não são naturais,
seguram raízes estruturais do corpo,
adormecido pelo embalo do tempo.
Já não há amor resistente, paixões
seguem o vento, dependentes da bolina.
Navegou o eremita de todas as margens,
sem rumo, sem prumo, nem atracção.
Perdi o magnetismo de todas as bússulas,
navegar por navegar, também alimenta
o rigor de qualquer habituação gratuita.
São os recantos de todas as ilhas.
Isolado fica o desespero, ultrapassado
pelos sons platónicos de mais um dia banal.
Seria óbvio um estatuto superior, o divino,
de Baco a Hera, juntos, nús em luxúria.
Já só sinto os elementos, fracos,
sem tempestades de maior. As brisas,
são o erotismo e tesão da minha pele,
amarrotada pelo peso do teu corpo,
esfregando e espremendo a minha sede,
como um rio que passa por mim,
onde te toco todas as margens,
e entro em ti, naturalmente,
como um vulcão incandescente,
até ao soltar da lava.
São ilhas estes corpos,
isolados não inertes,
saborendo a lentidão.


11MARÇO2014

segunda-feira, 10 de março de 2014

FALA




Fica!
Não fujas das palavras.
Cala esse teu silêncio.
Fala!
Fala como as ondas,
todas as ondas que possas imaginar.
Fala!
Fala como o vento,
e a afogadilha arrepiante da pele acossada.
Ou cala-te!
Cala-te como todas as outras pessoas,
as que optam pelo silêncio,
que todos gostam tanto,
desprimor de inteligência,
a ausência.
O que mais me incomoda!
Um cobarde e vulgar silêncio,
uma qualquer alma vazia.
Fica!
Decide-te.
O Sol continua a aquecer-me,
a chuva a embalar-me,
o frio a acordar-me.
A vida, essa é cada vez mais bela,
até por todo o tempo que tenho,
no (meu) mundo.

10MARÇO2014


domingo, 9 de março de 2014

LISBOA




O passado sendo como as núvens,
alterava quase tudo, menos a calma.
Soam-me as guitarras no peito,
fico surdo à tristeza e à saudade.
Falta-me a riqueza da oração,
a emoção, o fim do que sinto.
Viver no sonho, lá tão alto,
como anjos de asas cortadas,
planaltos e voos de alma pura.
Sussurra o vento, nascem os dias e,
por mais que a luz me fira os olhos,
há um azul que vagueia por encanto,
nas nuvens que choram tudo menos lágrimas.
Tenho saudades de beijar o mar.
Tudo o que hoje me torna diferente,
só a pureza da alma cheia sente.
Lembro-me de pedaços da vida,
de muralhas de Lisboa perdida,
mas no final, o que sinto, vivo alto,
vivo em admiração das colinas,
na lágrima que escorre no miradouro.
Sem sons, sem músicas, oiço
todos os fados que me acompanham.
Esta a nostalgia que me chama.
E o povo. Todo o povo me adopta,
como a toda a miséria do mundo.
Amo-te Lisboa, com Fado, com cheiros,
com bairros sussurrantes de vida.
Brilha a esperança, que sei será una.
Quero-te aqui, junto a mim,
ao primeiro pranto, à primeira luz,
como quem chama por encanto,
toda a tua forma de vida.
Lisboa minha cidade,
és minha até à eternidade!

09MARÇO2014


REGRAS E LIMITES



Seria vital, um pouco de regra na desilusão.
Deveria haver um limite,
uma fronteira onde tudo o que para além dela,
teria de ser catalogado de outra forma.
Talvez Fim. Talvez Pena. Talvez qualquer outra definição.
O comportamento humano traz-me azia,
tantas e tantas vezes que não o consigo digerir.
Adoro observar comportamentos.
Quem me conhece, sabe que um hobby destes
tem resultados cada vez mais concisos e óbvios em mim,
que tornam todas as avaliações mais fáceis de catalogar.
Os que amamos são a excepção.
São a excepção quando damos por nós e observamos.
Tempos sem fim, longos momentos. Longas fases de tempo.
Apreciar sorrisos, linguagem corporal, linguagem facial,
é um risco enorme, pelos resultados que não queremos ver.
É incrível como uma só pessoa pode ser tão diferente.
Há quem mude tão frequentemente, que a mudança aborrece.
Não sei qual é o estado ideal, neste momento.
Nunca sei qual e quando o próximo estado,
o próximo silêncio, a próxima concha fechada.
Falar com quem pois então? Acreditar?
Ilusão? Perda de tempo? Talvez de tudo um pouco, sim.
Quando me sento aqui, tento controlar as palavras.
Tento transmitir toda uma alegria e felicidade que sinto,
empregnada na pele, por dentro de mim,
que precisa de ser despoletada por um raio preciso,
e assim chova uma tempestade de sorrisos e, amor e, felicidade e,
alegria à minha volta. Esta indecisão arruína-me!
Não se morre por isso é claro. Começa-se e acaba-se tudo.
Tudo nasce e tudo morre. Menos a esperança.
Deveria haver regras e limites nos sentimentos.
Deveria haver uma lógica quase que pré regulamentada,
para exterminar a falta de bom senso em toda a possível paixão.
Custa-me digerir o silêncio ensurdecedor da mudança.
Basta-me um passo, um pequeno passo para não voltar atrás.
A linha está aqui mesmo, em frente a mim, invísivel, palpável,
tal como um cordão umbilical que se corta.
Falta pouco. Muito pouco para seguir em frente, ou voltar atrás.
As regras são as minhas, os limites só Deus sabe.

09MARÇO2014

SÓ EU SEI !




Só eu te sei dizer a realidade. 
Só tu me entendes. 
Há um tom colorido,
No meio de tudo aquilo
A que não estou habituado. 
És tu. 
Não quem se tem calado, 
Ou convencido que me domina.
Tu.
Sim, tu.
Tu, que esperas por mim, 
Sem manias finas, 
Sem a hipocrisia do adquirido.
Amo tanto quando me entrego! 

Amo tanto quem tenho de amar 
Pelo simples facto do que não tenho.
Apenas amo!
E amo-te, sim!
Diz-me que sim, e serei teu!



08MARÇO2014

sexta-feira, 7 de março de 2014

PADRÃO DE COMPORTAMENTO




Sabes,
quando te conheci, não havia padrões de comportamento.
Eras tu,
eterna, desinibida e entregue a um cometimento.
E veio o tempo.
Sempre o tempo.
A entrega que te dei,
as viagens, o desejo e a imagem.
És única sim.
Nada do que espero.
Sobes e desces, aqueces e esfrias,
sempre e conforme o estado de fartura.
Um mimo de ternura na proximidade das viagens,
um mimo de entrega na probalidade da ajuda.
Depois, depois vem a frieza.
A paga da impossibilidade. ´
Fartei-me de "tiazisses" e falas melosas.
Quando a vida muda,
pois mudemos então.
O egoísmo amoroso é cruel.
A frieza do desdém, mata.
A minha entrega, foi sincera, pura,
divina até ao ponto de saturação.
E o silêncio. O teu silêncio.
A mudança de atitude,
e a mérda do silêncio.
O ser hoje assim, o ser amanhã assado,
só porque sim, porque te faz sentido,
sem o dom de palavra que eu entenda.
Já perdi tudo! Perdi a vontade,
perdi a saudade, perdi o desejo.
Perdi a intenção por lutar. Por tudo!
Não se muda o que não existe.
Estou cansado de tentar!
Nâo me perdi a mim, nem de mim.
Diz-me agora que "a vida continua".
Disso te dou eu a certeza!
Uma palhaçada condensada, disfarçada,
a quem é enganado na linguagem do desespero.
Sabes, tiveste todas as opções.
"Ganhou" o teu padrão de comportamento.
Que a felicidade nunca nos separe.
A minha vida, continua! Já sem problema.
A tua. É só tua!
Vai.
Voa sózinha.
Sê feliz!


07MARÇO2014


ESCULTURA




Sonhei algo de fantástico.
A arte como criação humana.
Alguém pegou no meu corpo disforme,
inanimado, inexistente, obsoleto.
Uma massa de carne,
um esqueleto à espera da obra.
Uma mulher foi o começo.
Um olhar discreto, assumido mas discreto.
A metamorfose começou.
A aproximação dos corpos,
um já pronto e criado por inteligência,
outro, inerte, obsoluto, por começar.
Bastou um toque. Um primeiro toque.
Algo de imediato nasce,
toda a estrutura reage, cinzelada,
ao toque dos dedos desta mulher.
O resultado final, não tem a urgência dos olhos.
A arte está direccionada ao interior,
ao que se sente e não se vê.
Aos poucos, nasce a obra.
Aos poucos, a escultura toma forma.
Não é rígida a matéria, modela-se,
pensa-se e acontece o milagre.
Há uma paixão inerente,
a paixão doentia de quem sabe esperar.
Basta-me o momento certo.
Basta-me a paciência,
e saltar fora da minha pele.
Basta um dia abraçar-te,
surpreender-te e amar-te,
e perceber que a vida é de quem a quer.
Que pertenço a quem me fizer feliz.
A matéria existe, falta finalizar a obra.

07MARÇO2014

quinta-feira, 6 de março de 2014

JAMAIS MORREREI




Desfazer-me de toda a lógica,
seria uma forma simples de existir.
Eu sei! Eu sei que o conceito de lógica,
não tem a lógica do próprio conceito.
Hoje, neste momento, não sei o que fazer.
Tenho a adrenalina emotiva em ebulição.
Não sei se resisto, mas quero desistir.
Não desistir da vida, essa, nunca pára.
Tudo o que deixa de existir,
deixa de fazer falta ao fim de uns tempos.
Há tanta coisa que já não me faz falta!
Há saudades que tive e já não tenho!
Depois... Depois, vem o depois.
Vem o que afinal nunca morreu.
Vem quem realmente ama o que há por amar.
Estou assim, em estado de pavor.
Um pavor abençoado pela alegria.
Tenho toda a pena do mundo,
por quem precisa e desdenha.
Desfazer-me disso, não faz sentido.
Cheguei ao final de um passeio.
Cansado, mas consciente de toda a felicidade.
Felicidade, é algo que nunca morre.
Morre quem a não quer,
Morre quem a desdenha e vulgariza.
Morre quem está vivo, por pouco.
Eu morrerei sim, um dia.
Morrerá o corpo e a tristeza.
Eu!
Eu jamais morrerei, por estar errado.


06MARÇO2014

quarta-feira, 5 de março de 2014

DOU TUDO E A ALMA



Se houver uma chave e um cadeado,
libertem-me deste estado de graça.
Estou preso na indecisão,
estou abismado com a loucura do amor.
Para que lado me viro?! Não sei!
Será que cairei com estrondo?
Tenho medo da previsibilidade!
Tenho medo destes sonhos violentos,
onde a minha alma é assaltada pelo mel.
Doçura e intenção é raiar de Sol,
que de sempre se torna breve, imberbe.
Não quero conquistas nem desistência.
Quero paz, quero um prolongamento da alma.
Amo tanto! Nunca existo sem amar alguém!
Dou a alma e a calma e a vida e a morte!
Dou tudo e, nunca recebo nada!
Só o afluxo do sangue me respeita.
Só a cadência da vida me torna decadente.
São todas as escolhas que me doem,
apesar de vacinado já sem doença real.
Mas porquê eu?
Porquê modificar-me?
Já não tenho tempo para isto!
Falta-me a paciência necessária.
Amo e gosto e, gosto e amo,
até á próxima indulgência.
Todos os rumos têm regresso.
Inquieto, estou sempre,
mas lentamente e por mim mesmo,
quero beijar o livro da vida.
Quero ser o inventor do real,
o profeta da permanência credível,
mas acima disso, o Rei da minha saudade.
E amo-te, e por isso,
te dou tudo, até a alma.


05MARÇO2014

FALAR CONTIGO




Falar contigo.

Todas as cores brilham,
num espelho que me cega,
neste corpo paralisado,
por um só toque de pele.

Cheirar-te.

O sal do silêncio, o desejo,
temperar um grito nos olhos.
Os lábios, mordem esta fome,
quando se abrem,
ao tacto de línguas maturas.

Devagar.

Tudo tão devagar que o tempo estranha.
Tal como o arrepio que se me entranha,
por todos os sons de luxúria incontrolada,
por cada centímetro que não beijo.

Apertar-te.

Esta boca que não controlo,
comanda toda a minha vontade.
Quero-te nua.
Quero provar-te.

Beijar-te.

Como um relógio lento,
parado no tempo.
Um outro mundo, imenso,
circunscrito a esta cama.

Não te cales.

Um adeus intemporal, esta
a distância que não me deixa.
E um beijo.
Apenas o tacto de um beijo.

E ficarei calado...


05MARÇO2014




terça-feira, 4 de março de 2014

JUNTAR AS MÃOS



Juntei as mãos.
Esfreguei os anos,
que só as rugas admiram.
Chamar de sabedoria,
até de ternura, 
ou outros nomes bonitos.
São as minhas mãos.
Os meus Invernos e infernos,
Verões de amor eterno,
desaparecido, ou renovado.
Juntar as mãos, 
abraçar e amar o mundo.
O passado é como o presente.
As rugas ásperas da idade,
são como o mel suave do desejo,
em todas as mãos da humanidade.
Mãos grandes e hediondas,
mãos ínfimas e, nasce uma vida.
São as mãos de mães, 
são as mãos de filhos,
de novos e de velhos amores,
cresce o arrojo da eternidade.
Juntei as mãos,
por teimosia e calma,
à volta do Mundo.

04MARÇO2014

domingo, 2 de março de 2014

CHAGAS DE CORPO E ALMA




Vou explicar-te o perigo de acender um fósforo.
Sabes, o fogo tem uma atracção diabólica.
Não sei se por associação de Diabo e Inferno,
se por ser elemento natural e insubstituível.
Tem uma força indiscritível o acto pirotécnico.
O fogo, é alma quente mesmo que por imaginação,
é sinónimo de intensidade e combustão de atitudes.
Atear uma chama, é activar um sonho brilhante,
como quem derrete um cubo de gelo por desejo,
onde o jogo amoroso é especial e penetrante.
Penetrar nesse fogo, é sexo louco e intransmissível.
Meu Deus, eu blasfemo do delito, como o preciso!
Tenho toda a vontade profana de penetrar a carne,
com a luxúria de uma libido adormecida por inércia.
Fico furioso com a inércia consciente e o silêncio.
Sou adepto e animador do silêncio inteligente.
Silêncio por fuga e cobardia, abomino e desdenho.
O meu purgatório é este. Difícil de entender,
fácil de resolver, onde apenas a certeza do tempo,
o filtro de toda a minha subserviência, acaba.
Um fósforo alimenta um fogo imenso.
Uma chama alimenta toda uma paixão inanimada.
A espera permanente, é fogo que queima sem opção.
O calor do fogo queima.
Tenho o corpo e a alma cobertos
por todas estas chagas irreversíveis.


02MARÇO2014

TODAS AS DORES




Basta abrir os pulmões. E a alma.
Inalar a vida, oxigenando o prazer
de estar presente. Este é o mundo!
As orações são bem vindas,
há um ser maior que a própria fé.
Há uma fé inigualável quando se espera.
A ânsia da espera, tornada esperança.
Só isso protege a coragem dos necessitados,
só isso aumenta a coragem dos inocentes.
Evidentemente que necessito de vida.
Toda uma vida própria. Menos dependente,
até mesmo, das minhas alucinações emocionais.
Há um jogo constante. Atraentemente belo.
Uma beleza subjectiva. Como o amor.
A intencionalidade de todas as paixões,
é uma arquitectura dependente da incerteza.
Independentemente de todas as proporções.
Não vivo por troféus nem objectivos,
ultrapassei essa fase há muito tempo.
Vivo por uma troca eloquente de amor.
Tantos amores como tipos de felicidade.
Se me doi o Ego, terá remédio a dor.
O prazer é subverssivo e indefinido.
Só a alma me chama. Só eu me conheço.
Toda a minha matéria se esvai... um dia.
Apenas o tempo corre indiferente.
Sem retorno, com retorno. Não sei!
As decisões, são alegorias do desafio.
Defino-me com a felicidade objectiva.
Sei onde e como encontrá-la.
Sei onde está. Sei onde não está.
A experiência de tudo isto, é resumidamente,
um mapa replecto de novos caminhos.
Ando por caminhos novos todos os dias.
Tenho o prazer da escolha, amo e recuso.
A dor da alma é ultrapassável.
A dor do corpo, insustentável.
A dor do ódio é impossível.
O amor é a única alternativa!


02MARÇO2014

sábado, 1 de março de 2014

PERSEGUIR O AMOR





O silêncio que me é imposto,
realmente fala cada vez mais alto.
Tenho pena!
Realmente tenho pena!
Como poderá ser possível perseguir o amor?
Toda a paixão, por quem a sente,
trás consigo uma ilusão sádica e estúpida.
Como perseguir algo a quem não sente?
Esperar calor , onde o frio impera,
é como encher um balde a conta gotas.
Tenho pena!
Realmente tenho pena!
O amor é como uma obra de arte.
Há quem tenha jeito para amar.
Há quem nasça apenas para ser um bom amigo,
apreciando ávidamente a paixão dos outros.
A sua, essa, é uma tela branca,
complicada, rica numa doçura
constante e falta de criatividade.
Tudo passa.
Perdem-se os impulsos, as vontades,
perde-se o desejo e a saudade.
Tudo se perde.
Tudo se transforma.
Eu, eu perco um pouco de mim.
Perco um pouco da minha inteligência,
desmembro-me de toda a lógica.
Tenho pena!
Realmente tenho pena!
Tenho pena de quem perde.
Eu, não tenho mais nada para dar.
Dar, é um verbo de retorno.
Dar, implica receber, um pouco.
Apenas um pouco.
Há quem nasça apenas para receber.
Tenho pena!
Realmente tenho pena!
O futuro já não chora,
já não persegue, já não sente.
O amor não se persegue.
O amor existe, ou não.
Desistir, nunca!
A vida continua!

01MARÇO2014